A PASCOM da Paróquia São José de Carpina tem a grata satisfação de
presentear seus leitores com o belo artigo do Sr. Arcebispo da Paraíba, Dom
Aldo Pagotto, publicado na imprensa de João Pessoa, por motivo da beatificação
de nosso querido João de Deus, o Papa João Paulo II.
Colaboração de Pe Brenno Guastalla
Colaboração de Pe Brenno Guastalla
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“A bênção, João de Deus!” Seis anos se passaram de sua partida, após 27
anos de serviço incansável à humanidade, na tentativa de reconstrução da
civilização cristã. João Paulo II foi um líder espiritual reconhecido
mundialmente pelo seu estilo ecumênico, aberto à colaboração para a superação
dos males sociais que ameaçam a vida das pessoas e dos povos. Preposto à Igreja
que tanto amou, dispôs-se a edificar a civilização do amor, da justiça e da paz
entre os povos.
Sua intuição sobre a
missão específica da Igreja no mundo moderno foi de serviçal humanitária, não
de instituição mantenedora de um poder temporal, reprodutora de esquemas de
defesa e engrandecimento de si mesma. Seu ardor missionário codifica nas
inúmeras viagens pelas terras próximas e longínquas. Voltava-se ao diálogo
entre a razão e a fé, entre as filosofias filhas da pós-modernidade e as novas
formas de manifestação de espiritualidade e estilos místicos característicos da
pluralidade hodierna.
Foi do agrado do Pai confiar ao dileto pastor os desígnios misteriosos
de transformação histórica. Karol Wojtila viveu os transtornos deletérios do nazismo
sucedido pelo comunismo. Com seu povo viveu na própria pele as contradições dos
regimes totalitários, que se julgaram acima da liberdade inalienável dos seres
humanos. Esses regimes de governo fracassaram, após a dizimação de milhares de
pessoas, famílias, povos, culturas.
Os horrores da guerra
favoreceram a formação do caráter do varão resistente ao ódio e às lutas
fratricidas, baseadas em ideologias que servem tão somente para desconstruir e
desestabilizar a pessoa e a sociedade.
Ele dedicou toda a sua vida à regeneração do tecido social em base à
instituição familiar. Seus ensinos e práticas contemplam as dimensões
pertinentes à identidade, vida e missão da Igreja, como se ampliam às bases
constitutivas da vida e da sociedade, com forte acento no humanismo cristão.
Seu programa apostólico
desenvolveu-se em função da verdade sobre Jesus Cristo, sobre a Igreja e sobre
o homem. Seu lema “totus tuus” refere-se ao sentimento de filial pertença a Maria, Mãe de Jesus, sublinhando o que sempre
viveu, ou seja, a ternura maternal com a firmeza indomável do apóstolo da fé e
da justiça. A trajetória de João de Deus é perscrutada, analisada, comentada
por cientistas, historiadores, políticos, antropólogos, sociólogos,
espiritualistas.
João de Deus é respeitado e admirado não
apenas por católicos, mas por representantes dos povos e dos mais variados
segmentos da sociedade. Tido como uma espécie de conselheiro experiente, todos
enxergam nele os misteriosos desígnios de Deus. Como um profeta da verdade,
incomodou e continuará a desinstalar a muitos de suas certezas particulares.
João Paulo II se
comprometeu com a formação de lideranças para enfrentar a mudança de época
histórica, em curso. Exercia um fascínio inexplicável sobre pessoas e
multidões. Seu segredo? Amar de verdade.
João de Deus inovou com seus braços abertos a crianças e pessoas idosas,
afagando-as, beijando o chão das terras em suas inúmeras visitas. Para ele não
há estrangeiro. Amou a pátria de todos como a sua Polônia. Deus o dotou de dons
inestimáveis. João de Deus é santo porque obrou o milagre de levar as pessoas a
acreditarem na força transformadora do amor do Pai.
Dom Aldo
Pagotto Arcebispo da Paraíba
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